segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O QUE É NORMAL?

Ontem assistindo a um filme "O amor pode dar certo" lembrei dessa pergunta em duas cenas do filme. A história é um romance que conta o drama de um homem e uma mulher que se apaixonam sem saber a princípio que ambos têm doenças terminais. A primeira cena que me lembrou a pergunta título desse post acontece quando a protagonista perde o controle ao ver uma mãe maltratando seus filhos, algo que "normalmente" somos programados a não fazer, intrometer-nos numa discussão que não é nossa, mas ela não só se intromete como perde completamente a calma e joga o carrinho da mulher longe (doida ela?) pra quem passa na rua e vê a cena sem saber de mais nada sim. E na outra o protagonista depois que deixa a sua amada em estado grave no hospital que parecem ser os momentos finais da sua vida, ao sair do hospital ele começa a quebrar o seu carro que acabou de ser pintado e reformado, depois dá marteladas nos outros carros parados na rua, quem está passando no momento sai correndo e olha pra ele como se ele fosse algum psicótico em surto. Ao ver essas cenas me lembrei das discussões intermináveis na Faculdade de Psicologia pra tentar formular um conceito de normalidade... fiquei pensando, será que realmente "existem" doidos? será que as doenças diagnósticos psiquiátricos realmente explicam por completo comportamentos? Tudo bem, não quero ser tão revolucionária e nem prepotente desdenhando de anos de estudo e sistematização do conhecimento médico psiquiátrico, mas fiquei pensando que as vezes é muito simplista chamar alguém de "doido" psicótico, esquizofrênico, maníaco depressivo, histérico... claro que existem disturbios psiquiátricos que têm questões fisiológicas e genéticas envolvidas, embora isso nem tenha uma comprovação concreta, mas é provavel que seja verdade, mas será que é só isso? Será que assim como no filme pensando no que estava acontecendo na vida daqueles dois também no mundo de uma pessoa chamada de esquizofrênica o seu comportamento não faz todo sentido? será que alguém que tem depressão crônica é simplesmente psicótico, ou na linguagem popular "fresco" "fraco"? quem estava lá desde o seu concebimento até o início e decorrer da sua história pra saber das estradas pelas quais andou essa pessoa, das dores, das coisas duras ou não que ela teve que encarar, dos traumas, das histórias que ouviu e viveu, da sua relação com seus pais, enfim... será que em todo esse universo de uma pessoa seu comportamento tido como anormal não pode fazer todo sentido? Eu acho que sim. Mas a questão é que Nós seres humanos (estou me incluindo) sempre temos muita coisa pra falar, sempre temos uma opinião forte e feita sobre qualquer drama e conflito humano, mesmo e principalmente dos que nós nunca vivemos ou experimentamos na pele... achamos que sabemos o que aquela pessoa viveu, sentiu, ouviu, somos todos psicólogos beirando a reencarnação de Freud, Nós (eu também) sempre pensamos que quando alguém está no meio de um drama, é porque essa pessoa tem "algum problema", já que, com gente "normal" essas coisas não acontecem, o sofrimento, os planos frustrados, o inesperado, a dor, não são pra gente normal... Gente normal? ser normal é estar sempre sorrindo, sempre feliz, sempre perfeito, o corpo, o cabelo, as unhas, a roupa, a vida e os planos, os negócios e a vida, o comportamento, a sensatez... tudo deve ser perfeito pra quem é normal, ainda mais pra quem é cristão, Cristão não sofre, afinal de contas, não erra, é santo, é separado, tem a marca da promessa, nasceu pra ser cabeça porque deveria passar dias de "cauda"... passar constrangimento, humilhação, ou sentir medo? Cristão é mais que vencedor... não é essa a referência de Cristo que estamos seguindo? só não parece muito com a de Isaias, que falou de Um Homem de dores e que sabe o que é padecer, que não tinha beleza que agradasse aos olhos, que tomou enfermidades e dores sobre si, ou o Cristo dos evangelhos, que lavou os pés dos discipulos, conversou com prostituas e ladrões, chorou... ficou triste, precisava ficar sozinho as vezes... e no fim carregou uma cruz, símbolo máximo de vergonha, sei lá de que Cristo estamos falando... eu só me lembro da canção, "cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração" só quem vive sabe o que viveu. Fora quem vive, só existe Uma Onisciência e Onipresença no mundo, e não sou eu... o "engraçado" é que Ele, a Onisciência, segundo a Sua Palavra escolheu as coisas loucas do mundo. Porque que a gente quer tanto ser normal, ou tano ser "igual"? Eu pelo menos quero estar entre as escolhidas. Fico por aqui, Sua Sempre.

"É algo sério viver numa sociedade de deuses e deusas em potencial, e lembrar-se que a pessoa mais insignificante e desinteressante com quem você fala possa um dia ser uma criatura que, caso pudesse ver agora, você se sentiria fortemente inclinado a adorar." C. S. Lewis


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